Duas Coisas Muito Importantes

Na era da imagem. Sem imagens. Só palavras de duplo sentido. Que desenham qualquer coisa...

Name:
Location: Lisboa, Olissipo, Portugal

Wednesday, March 18, 2009

Sempre o Reininho...

..."As mulheres têm sido muito boas para mim (...) Agora, não adianta compreendê-las, já desisti (...) fazemos o que podemos"...

Resignado, mas com classe!

Friday, March 13, 2009

O espectáculo…

…seja qual for, tem que ser aplaudido. Ou pela desgraça de uma tentativa frustrada, ou pelo arrojo estético, de um momento, um happening, um rasgo. Há espectáculos para todas as disposições. Numa revisão recente que me autorizo a fazer d`«A Sociedade do Espectáculo», isso, do Guy Debord, não me consigo dissociar de uma outra noite recente em que o fim da linha se aproximou vertiginosamente de três marialvas armados aos homens.

Era uma sexta-feira à noite. E essas são as noites do “empurra”. Todos empurram as suas miseráveis semanas para cima das costas do outro, que por ter a boca impingida de cerveja, não tem tempo para responder aludindo que também a sua vida não é fácil. Nestas noite do “empurra”, o espaço de manobra para a estupidez é exponencial aos copos vertidos noite fora. Ninguém tem muito a teorizar sobre o mais despreocupados dos assuntos. Assim sendo, importa não ocupar a cabeça de outrem com despojos de uma semana árdua. Dito isto, juntam-se uns maduros e faz-se o cerco ao balcão.

Propostas são poucas e o cinzentismo latente ajuda a encontrar caminhos pouco claros. Se o espectáculo da vida já é de si uma dúvida que não sabemos se aplaudimos ou não, tenta-se piorar a situação. Já que era para bater no fundo, pois que seja com as botas cagadas de merda. São 5 da manhã e uma casa de putas era tudo o que se queria. Nã, streap não. Casa de alterne? Nã, isso é uma espécie de noite shoegazing quando o que se pretendia era hardcore.
Uma amiga convidada declinou o convite à última da hora. Entregou o namorado na sua vez. O cavalo de batalha era conhecer uma casa de putas perdida no meio de uma aldeia a 40 quilómetros de Lisboa. Objectivo: o pior dos mais reles. Já a espumar de ansiedade por ver in loco espectáculo do mais decadente (im)possível. Queríamos no fundo um que espectáculo que se apresenta-se “ ao mesmo tempo como a própria sociedade, como uma parte da sociedade, e como instrumento de unificação “. Ups, o Debord. Ups, é isso mesmo. Unir três marmelos em volta de um abominável momento.

“O espectáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas, mediatizada por imagens”. Isso Debord, isso mesmo! O homem que nos abre a porta e se teletransporta para o detrás do balcão, as informes mulheres, os pufs bafientos, o homem que se esfuma do outro lado do balcão e surge na cabine de DJ, o odor a álcool derramado, o perfume execrável, a falta de dentes (delas), a falta de maneiras (deles), a manchinha nas calças beges de quem alivia no “privado”, o homem que agora largou a mesa de som e canta não sei o quê no karaoke e pede “animação malta”. “O espectáculo que inverte o real é efectivamente produzido”. Ah, cá está Debord. O homem inverteu o real e está a produzir qualquer coisa….“o espectáculo na sociedade corresponde a um fabrico concreto de alienação”. Touché!

“o espectáculo é o momento em que a mercadoria chega à ocupação total da vida social. Não só a relação com a mercadoria é visível, como nada mais se vê senão ela: o mundo que se vê é o seu mundo”. E assim Debord explica-me, já no conforto do lar, o que estivemos ali a fazer. Além de evitar o espumante do LIDL, intimidade com as esforçadas fêmeas, o contacto com copos por lavar, uma cama vazia e desconfortável, além disso então, estivemos a ver o mundo

“ó gentis-homens, a vida é curta. Se vivemos, vivemos para marchar sobre a cabeça dos reis”

Shakespeare, Henrique IV

Tuesday, March 03, 2009

Um aplauso ao ódio…

…clap clap clap. Ter a capacidade de odiar é um exercício cansativo. Inconsequente. Pouco eficaz. Desviante do essencial. Há tanto para amar, para quê um ódio que corrói? Dito isto, convém defender estas linhas dúbias. E assim sendo, toda a acção carrega o seu oposto, logo, a capacidade de odiar carrega em sim uma desmesurada vontade de amar…Love-hate-love. Velha e cansada história. Não tenho muita paciência para odiar. Cá tenho os meus fígados azedos com determinados apontamentos, mas é passivo. Não é condutor nem conduta.

O Jorge Palma, esse miserável, consta lá no cabeçalho dos odiozecos. Tal como o Jim Morrisson, a quem um dia hei-de desfazer os ossos. O pobre do Palma é um palhaço pobre. Um actor social num país que encobre a sua riqueza apontando para os rotos que passeiam na rua. O Palma é esse triste. É esse lamento. É esse caixote do lixo. É esse amor barato escrito em rimas tolas e desprovidas de sentido. É um monte de copos encaixotados em pseudo-poemas de músicas de outros. Do Paul Simon ao Bob Dylan à “chansõn francésse” todos levam com o trôpego do Palma. O bêbado pobre trata de lhes roubar acordes e carregar-lhe com whiskey e cigarros fumados em letras esfumadas.

Até se pode considerar que o «Frágil» é um hino ao miserável. É. É e ponto. Nada mais do que isso. Que o «Bairro do Amor» e outras tantas bezanas mal curadas encalham em rimas repetidas, parece-me óbvio. Sem ideias e sempre à volta do quê? Ah a bezana e tão triste que sou…O Palma é o gajo que aguenta valentes palmadas dos seus amigos de luta. Dos que já largaram o cavalo. Dos homens de outros noites. Dos yuppies de agora. É o tontinho. É o gajo que desculpamos no grupo de amigos, sempre com o pensamento “epá, este gajo pá…coitado…mas é um bacano”… Tédio. É um tédio. E quase que voltava atrás quando ouvi o “Encosta-te a mim”. Encosta-te senão caio.

As melhores coisas que ouvi dele, curiosamente, ou não é dele ou tem gente com ele a trabalhar. Ora a Mafalda Veiga, sim, ficou muito bem a musiquinha, ou quando o triste Palma se mete com a Brigada Victor Jara e, mais recentemente, com a Cristina Branco. Uma pérola esta música chamada «Margarida», trabalhada pela joalharia de Mário Laginha. Um poema de um “outro” de Pessoa (Álvaro de Campos). Lindíssima. Muito bem cantada. Muito bem arranjada (Grande Ricardo Dias!!!). Um mimo. Uma classe. Um grande disco…

Quanto ao cantor do metro (que ideia tão bem vendida!!!) a coisa correu-lhe bem. Vá lá. Vá Palma…deixa-te estar entre a malta que precisamos de uns palhaços para animar a malta…