Duas Coisas Muito Importantes

Na era da imagem. Sem imagens. Só palavras de duplo sentido. Que desenham qualquer coisa...

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Friday, October 12, 2007

Não é que…

…os Radiohead sejam o meu ódio de estimação. Não os tenho e muito menos reconheço nos Radiohead uma percentagem significativa capaz de me retorcer o estômago com um garfo de três pontas. E desde já ressalvo, que a apologia de que a indústria do disco ainda está viva não consta do meu humilde juízo.

O que me perturba (talvez seja um termo exagerado, mas enfim…) é tudo o que lhes está em volta. De fãs e críticos agachados à sagacidade comercialóide com que a turma do Yorke nos tem presenteado nos últimos tempos.

A edição do último álbum de originais via Internet tem tanto de pertinente como de chica-espertice momentânea à qual terão que prestar contas num futuro próximo. Ok, a banda junta-se mais uma vez «à vaga» do momento. Já o tinha feito noutras alturas como quando andaram a pensar em dissociar-se das editoras, mas sempre utilizando uma multinacional para distribuir os discos. Uma espécie de «vou cuspir no prato para depois o lamber dengosamente».

Com as constantes e (hipotéticas) novidades refrescantes com que os moços vêm fazendo valer os seus últimos discos, conseguem também eles esconder o facto de que pós «Ok Computer» sobra-nos uma réstia de quatro ou cinco canções de jeito e um sem número de reinvenções inconsequentes, quer a nível de carreira, quer a nível da história da pop. Coisa que o «Ok Computer» continua a assumir, pertinência intemporal.

Não gosto (abomino mesmo) a «credibilizante» saudação ao passado glorioso indicando que o futuro são meras repetições e tal. E no caso dos Radiohead, não é verosímil. Os rapazes tentam várias soluções dentro do seu género. Com maior ou menor infelicidade, é certo.

Com estes bla bla blas todos que a bandola tem arranjado, e consegue, é o que só os artistas consagrados terão direito, mais dinheiro por concertos. Ou seja, os gordos cada vez mais gordos, e os magros a escovar a sarna. Para cúmulo num misto de balde de areia para uns olhos embaciados ainda revogam que são muito porreirinhos e oferecem o disco a custo zero, mas se quiserem dar uma esmolinha…apelando definitivamente à "bem-feitoria" do incauto que num misto de camaradagem com tacanhez até dá mais do que daria por um disco só para se sentir parte de uma «causa». Ideias novas? Novas formas de vender discos? Mas uma coisa globalizante, não é para os grande, há? Pedagogia zero.

Os Radiohead não apresentam uma solução geral como vem sendo anunciada. Apresentam, isso sim, uma solução de fidalgos, de artistas com nome, que se podem dar ao luxo de editar discos pela net, por jornais, ou porta-a-porta. Ora, isso é de uma chica-espertice tão pequena que dói de ver os pássaros todos atrapalhados só porque ouviram uma pólvora de Carnaval rebentar na areia movediça