Duas Coisas Muito Importantes

Na era da imagem. Sem imagens. Só palavras de duplo sentido. Que desenham qualquer coisa...

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Location: Lisboa, Olissipo, Portugal

Wednesday, October 22, 2008

Quando o Roubo chegar…

…avisem a malta. Não custa nada. Ninguém fica zangadinho. Ninguém bate o pezinho no chão com as mãos a empurrar as axilas. Eu não faço beicinho e os meus parceiros do lado também não deveriam de o fazer, creio eu.

O DocLisboa é muito bem-vindo, altamente dinamizador, bem entroncado com o espírito da cidade, cosmopolita a seu tempo, exótico na escolha e critérios, epá, uma maravilha burguesa intelectual. Nunca pseudo, mas sim intelectual.

«Quando o Carnaval Chegar», de Caca Diegues, apresentou-se ao mundo em 1972. O
Cinema Novo era uma estrela estabilizada e as possibilidades de criar outras marginalidades já eram mais que muitas. Miúdos começavam a fazer outras canções que a bossa-nova já não se queria amada pelos universitários. A Chico Buarque (Paulo), Nara Leão (Mimi) e Maria Bethânia (Rosa) juntaram-se actores como Hugo Carvana (Lourival) Antonio Pitanga (Cuíca), e a “sofregante” beleza morena de Ana Maria Magalhães (Virgínia). Nara e Bethânia tinham sido protagonistas de palco no espectáculo «Opinião», no Teatro de Arena, eram estrelas em situações diferentes. Uma (Nara) era tudo o que queria, a outra (Bethânia) era a que queria tudo. E as duas conseguiram os seus intentos. Chico era um emergente compositor. O unânime estava para ser coroado. Nenhum era actor, mas fizeram-se à estrada.

Tudo muito certo, muito interessante do ponto de vista histórico, reconciliador com o passado de um Brasil que sabia fazer troça de si mesmo, sem ser ridículo. Muito bem e tal.

O caso dá-se, porém, quando o DocLisboa anuncia a apresentação do filme-documentário mas falha na comunicação. Sabendo da sede histórica que o filme despoletaria nos cinéfilos, o DocLisboa poderia, das duas três, ou cancelar as apresentações do filme, ou comunicar antecipadamente o péssimo estado que o filme chegava às salas. E não, fazer levantar o querido Sérgio Tréfaut da sua cadeirinha nos imediatos minutos antes e comunicar à população já refastelada nas cadeiras que «ah e tal, foi muito difícil ter uma cópia deste filme, o som é muito ruim. Mas muito muito muito mesmo».

Ali, depois de 3 euros e meio, e encontrar 00h10 no relógio do telemóvel, uma chuva na rua de ensopar a paciência, um frio de encolher ombros, a malta fica-se e tem que apanhar com aquela interminável sequela de onomatopaicas e fon-fon-fons imperceptíveis, que só umas legendas sofríveis foram aliviando. A tudo isto juntava-se uma tela que dançava, dado que o filme foi gravado por cima de outra tela.

Serginho, obrigado pelo teu esforço. Porreiro o trabalho com tudo isto do DocLisboa (hoje e amanhã volto, não há crise). Mas evita o balde de água fria. A malta que se diz intelectual até pensa e não gosta muito que lhe apalpem os bolsos das calças a não ser que seja com intenções declaradamente ordinárias…

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