A alemã que vi em Londres…
…foi entrópica. Uma centrifugação e os seus finalmentes. Lavadinhos e colocados ao sol. Faz sentido estar lavadinho e limpo. Para voltarmos a usar aquela roupa. Aquele pólo. Qualquer coisa como quando se lê um livro e não se percebe determinado capítulo, embora a história nem mude assim tanto de figura. “Ah, ok. Foi isto que ela disse”, pensaríamos na ocasião revisionista do livro em questão.
Ir a Berlim é como entrar num processo próximo. Ver o que o nosso imaginário sonhara. Ver o que complementa e o que difere. O que é característico ou o que é transversal. Sentir identidade. Ver o que sonhámos. Voltar atrás no livro e perceber através das imagens.
Os espaços são amplos. A cidade é horizontal. Há circuitos para bicicletas por toda a parte. Os monumentos estão lavadinhos. O chão está disponível. As pessoas não se manifestam. Hitler pedia-as (às manifestações) naquela avenida enorme que vai dar às Portas de Brademburgo. Eu sonhei com isso.
Tem a complexidade dos complexos. Os salões eróticos e labirintos gays (sem se anularem) como quem ergue uma igreja numa praça rodeada de KFC e Burger King. A loiça exposta na montra está na loja ao lado de um industrial-gótico-amaricado que nos recebe com a mão no queixo debruçado sobre o balcão. “Olá boa tarde. Não. Não quero nada físico”, respondemos com a simpatia do anti-flirt ocasional.
E lá (em Berlim, portanto) lembramo-nos deles. A raça alemã. A coisa alemã. A frieza. O não-manifesto de rua. O contraditório do xinfrim mediterrânico ou latino. Talvez seja essa frieza que os leva directos ao assunto principal. Progresso e visão de todas e nenhumas complexidades. A capacidade regenerativa de quem passa por duas guerras mundiais, um muro que não caiu na totalidade, uma divisão política e uma invasão de imigrantes de todo o canto desta Terra.
Essa mesma capacidade regenerativa falou-me ao ouvido quando recebi uma chamada da Sofia já eu estava no Soho londrino. «Ah também estiveste no Thames Festival? Boa. Passei por lá esta tarde. Vamos beber uma?».
A Sofia é alemã. Veio para Portugal com 8 anos. Daqui (de Portugal) foi para todo o lado através da sua inteligência e disponibilidade. Leu coisas. Ouviu outras. Interessou-se por tudo o que não conhecia. E foi atrás de si mesma. Mudou-se para Frankfurt. Para mexer em dinheiro. Não satisfeita meteu-se em Londres. Para mexer noutro tipo de dinheiro. Num repetitivo momento regenerativo aceita ir para Coraçao (isso, nas Caraíbas). Não levou bagagem. Nem trouxe. A mala era curta. A bagagem vinha toda armazenada no encéfalo.
Regressou a Londres. A páginas tantas obrigamo-nos a “relativizar” a conversa séria que estávamos a ter. «Mais uma pint de Guinness e uma pint de Carlsberg, por favor». Passamos pelo Evaristo só para algo de antigo-novo. A Sofia partilhava a sua bagagem regenerativa. Estamos noutra sendo os mesmos. Já fomos à máquina e estamos lavadinhos e prontos para nos sujarmos outra vez. Sofremos de entropia. Vamos e vimos. Vamos e vimos outra vez. Dignos e progressistas um pouco como Berlim. Caóticos e nervosos como Londres. Feios e extraordinariamente bonitos como Lisboa. Às tantas diz ela «Só tenho é que te pedir desculpa». Relativizamos e mudámos de capítulo…
Ir a Berlim é como entrar num processo próximo. Ver o que o nosso imaginário sonhara. Ver o que complementa e o que difere. O que é característico ou o que é transversal. Sentir identidade. Ver o que sonhámos. Voltar atrás no livro e perceber através das imagens.
Os espaços são amplos. A cidade é horizontal. Há circuitos para bicicletas por toda a parte. Os monumentos estão lavadinhos. O chão está disponível. As pessoas não se manifestam. Hitler pedia-as (às manifestações) naquela avenida enorme que vai dar às Portas de Brademburgo. Eu sonhei com isso.
Tem a complexidade dos complexos. Os salões eróticos e labirintos gays (sem se anularem) como quem ergue uma igreja numa praça rodeada de KFC e Burger King. A loiça exposta na montra está na loja ao lado de um industrial-gótico-amaricado que nos recebe com a mão no queixo debruçado sobre o balcão. “Olá boa tarde. Não. Não quero nada físico”, respondemos com a simpatia do anti-flirt ocasional.
E lá (em Berlim, portanto) lembramo-nos deles. A raça alemã. A coisa alemã. A frieza. O não-manifesto de rua. O contraditório do xinfrim mediterrânico ou latino. Talvez seja essa frieza que os leva directos ao assunto principal. Progresso e visão de todas e nenhumas complexidades. A capacidade regenerativa de quem passa por duas guerras mundiais, um muro que não caiu na totalidade, uma divisão política e uma invasão de imigrantes de todo o canto desta Terra.
Essa mesma capacidade regenerativa falou-me ao ouvido quando recebi uma chamada da Sofia já eu estava no Soho londrino. «Ah também estiveste no Thames Festival? Boa. Passei por lá esta tarde. Vamos beber uma?».
A Sofia é alemã. Veio para Portugal com 8 anos. Daqui (de Portugal) foi para todo o lado através da sua inteligência e disponibilidade. Leu coisas. Ouviu outras. Interessou-se por tudo o que não conhecia. E foi atrás de si mesma. Mudou-se para Frankfurt. Para mexer em dinheiro. Não satisfeita meteu-se em Londres. Para mexer noutro tipo de dinheiro. Num repetitivo momento regenerativo aceita ir para Coraçao (isso, nas Caraíbas). Não levou bagagem. Nem trouxe. A mala era curta. A bagagem vinha toda armazenada no encéfalo.
Regressou a Londres. A páginas tantas obrigamo-nos a “relativizar” a conversa séria que estávamos a ter. «Mais uma pint de Guinness e uma pint de Carlsberg, por favor». Passamos pelo Evaristo só para algo de antigo-novo. A Sofia partilhava a sua bagagem regenerativa. Estamos noutra sendo os mesmos. Já fomos à máquina e estamos lavadinhos e prontos para nos sujarmos outra vez. Sofremos de entropia. Vamos e vimos. Vamos e vimos outra vez. Dignos e progressistas um pouco como Berlim. Caóticos e nervosos como Londres. Feios e extraordinariamente bonitos como Lisboa. Às tantas diz ela «Só tenho é que te pedir desculpa». Relativizamos e mudámos de capítulo…
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