Os pastores tapam-se com a pele das ovelhas…
….diz que sim. Nos últimos tempos, quiçá ventos tortuosos, a verdade (nunca absoluta) desta premissa tem entrado à vontade nos meus labirintos encefálicos. Os “pastores” de outrora começam a tapar-se com a pele das suas “ovelhas” semeadas ao longo dos anos. Facto que, todavia, não se revela sintomas de o feitiço virar-se contra o feiticeiro.
O caso é referente aos Tool e ao meu ódio-amor Adolfo Luxúria Canibal. O que antes era semeado como sendo uma espécie de auto-estradas do pensamento revela-se, com o passar da idade, uma obstrução às múltiplas bifurcações necessárias. O que era para se multiplicar tende a afunilar nas mais variadas manifestações dos “artistas” referidos.
Nunca encarados como “deuses” e sendo até um acto de contrição que recuso. Até porque em idade de contínua aprendizagem (nunca e jamais terminada) foi apontado por tal gente que nunca uma verdade deveria ser absoluta. O beatnick-mor lá o indicava na sua profecia:
« Throughout human history, as our species has faced the frightening, terrorizing fact that we do not know who we are, or where we are going in this ocean of chaos, it has been the authorities — the political, the religious, the educational authorities — who attempted to comfort us by giving us order, rules, regulations, informing — forming in our minds — their view of reality. To think for yourself you must question authority and learn how to put yourself in a state of vulnerable open-mindedness, chaotic, confused vulnerability to inform yourself», Timothy Leary dixit
Com base nessa tão ampla (hipotética) abertura, vários actos isolados têm ditado uma convergência algo incómoda. Num recente DVD que tive oportunidade de ver, os Tool e o artista plástico com quem têm trabalhado, Alex Grey, revelaram sintomas demasiado retorcidos em relação à piada “ToolArmy”. Nunca, em tempo algum, houve por parte dos Tool o proselitismo de uma armada em virtude de uma ideia. As soluções artísticas sempre foram apresentadas como não sendo absolutas. Mas antes abertas. No caso, Grey aproveita-se de forma um bocado descarada de um suposto Army em torno dos Tool para fazer propaganda ao seu trabalho…what went wrong?
Numa destas tardes, uma inocente alma convoca-me para partilhar do projecto peixe:avião. Conhecia a banda do CD da Fnac e dos sempre úteis programas do Henrique Amaro na Antena3. O que me foi apresentado foi um texto do amor-ódio Adolfo Luxúria Canibal sobre o mesmo projecto.
O texto tem o mau gosto da velhice finita. O legitimar conhecimento pessoal para defender o momento actual. É sempre importante usar a história, mas nunca legitimar os discos que são precisos ouvir para se gostar de um suposto novo disco. O texto revela-se uma defesa acérrima em torno da banda, sendo que o projecto é de Braga. Como os Mão Morta tão pouco ofereceram sobre o que era Portugal (a nível instrumental). Tudo isto embrulhado numa espécie de “o que é daqui é que vale, agora cá isso que vai de Lisboa para Tóquio”….
Pois bem, meu caro Adolfo. Por muito (pouco) que lhe custe não vislumbro nos peixe:avião qualquer fado, rock ou portugalidade tão de bradar aos céus. Há valor na banda, isso há. Mas relativo. Diz-me muito mais uma coisa como Deolinda, que utiliza o antes, o agora e o depois para procurar a novidade. Não são ovelhas de ninguém e são ovelhas de uma história iniciada desde 1143 que muito se tem transformado (salve). São ovelhas de uma nova-Lisboa. Mutante. Nova e velha todos os dias. Sem ser estanque.
Talevez os Tool e o Grey queiram agora deitar-se como velhinhos cansados sob uma cama muito fofinha, que foram acariciando ao longo dos anos. Talvez esteja na hora dos louros. Talvez Adolfo se sinta cansado de tanto avantgard e queira agora o repouso do guerreiro através de uma passagem de testemunho. Legitimando-se através de uma obra com métodos de trabalho relativamente semelhantes e próximos dos Mão Morta. Talvez se levem demasiado a sério, os artistas estabilizados. Talvez eu próprio os leve a sério…
O caso é referente aos Tool e ao meu ódio-amor Adolfo Luxúria Canibal. O que antes era semeado como sendo uma espécie de auto-estradas do pensamento revela-se, com o passar da idade, uma obstrução às múltiplas bifurcações necessárias. O que era para se multiplicar tende a afunilar nas mais variadas manifestações dos “artistas” referidos.
Nunca encarados como “deuses” e sendo até um acto de contrição que recuso. Até porque em idade de contínua aprendizagem (nunca e jamais terminada) foi apontado por tal gente que nunca uma verdade deveria ser absoluta. O beatnick-mor lá o indicava na sua profecia:
« Throughout human history, as our species has faced the frightening, terrorizing fact that we do not know who we are, or where we are going in this ocean of chaos, it has been the authorities — the political, the religious, the educational authorities — who attempted to comfort us by giving us order, rules, regulations, informing — forming in our minds — their view of reality. To think for yourself you must question authority and learn how to put yourself in a state of vulnerable open-mindedness, chaotic, confused vulnerability to inform yourself», Timothy Leary dixit
Com base nessa tão ampla (hipotética) abertura, vários actos isolados têm ditado uma convergência algo incómoda. Num recente DVD que tive oportunidade de ver, os Tool e o artista plástico com quem têm trabalhado, Alex Grey, revelaram sintomas demasiado retorcidos em relação à piada “ToolArmy”. Nunca, em tempo algum, houve por parte dos Tool o proselitismo de uma armada em virtude de uma ideia. As soluções artísticas sempre foram apresentadas como não sendo absolutas. Mas antes abertas. No caso, Grey aproveita-se de forma um bocado descarada de um suposto Army em torno dos Tool para fazer propaganda ao seu trabalho…what went wrong?
Numa destas tardes, uma inocente alma convoca-me para partilhar do projecto peixe:avião. Conhecia a banda do CD da Fnac e dos sempre úteis programas do Henrique Amaro na Antena3. O que me foi apresentado foi um texto do amor-ódio Adolfo Luxúria Canibal sobre o mesmo projecto.
O texto tem o mau gosto da velhice finita. O legitimar conhecimento pessoal para defender o momento actual. É sempre importante usar a história, mas nunca legitimar os discos que são precisos ouvir para se gostar de um suposto novo disco. O texto revela-se uma defesa acérrima em torno da banda, sendo que o projecto é de Braga. Como os Mão Morta tão pouco ofereceram sobre o que era Portugal (a nível instrumental). Tudo isto embrulhado numa espécie de “o que é daqui é que vale, agora cá isso que vai de Lisboa para Tóquio”….
Pois bem, meu caro Adolfo. Por muito (pouco) que lhe custe não vislumbro nos peixe:avião qualquer fado, rock ou portugalidade tão de bradar aos céus. Há valor na banda, isso há. Mas relativo. Diz-me muito mais uma coisa como Deolinda, que utiliza o antes, o agora e o depois para procurar a novidade. Não são ovelhas de ninguém e são ovelhas de uma história iniciada desde 1143 que muito se tem transformado (salve). São ovelhas de uma nova-Lisboa. Mutante. Nova e velha todos os dias. Sem ser estanque.
Talevez os Tool e o Grey queiram agora deitar-se como velhinhos cansados sob uma cama muito fofinha, que foram acariciando ao longo dos anos. Talvez esteja na hora dos louros. Talvez Adolfo se sinta cansado de tanto avantgard e queira agora o repouso do guerreiro através de uma passagem de testemunho. Legitimando-se através de uma obra com métodos de trabalho relativamente semelhantes e próximos dos Mão Morta. Talvez se levem demasiado a sério, os artistas estabilizados. Talvez eu próprio os leve a sério…
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