Biografias: preciso de ajuda…
…padeço de “leitura compulsiva de biografias musicais”. Preciso de acompanhamento clínico ou será mera falta de vontade em entrelaçar-me em romances inconsequentes e ficção insonsa? Não interessa nada e preciso de aconselhamento médico especializado.
Num lufa-lufa que vem desde a primavera de 2007, a coisa já perdeu a sua conta e rebentou-me com o fôlego. De «Chega de Saudade – Ruy Castro» (esmiuçador de bossa-nova) a «António Carlos Jobim, Um Homem Iluminado – Helena Jobim» (a ternura escrita da irmã com o coração nos dedos), passando por «Chico Buarque, Tantas Palavras – Humberto Werneck» (o “unânime” descascado pela família) até às fenomenais obras de Nelson Motta. «Noites Tropicais» (um carrossel de drogas, Elis Regina, noite, Marisa Monte, estúdios e palcos) e «O Som e a Fúria de Tim Maia» (inenarrável história desse figurão carioca descrita numa condução apropriada).
A coisa, está boa de ver, dá-se mais pelo Brasil. Ultrapassei uma ou outra vez a história portuguesa pelo fascínio canarinho. Admitido e com as mãos limpas segui para uma oferta natalícia de quem nos quer (sempre) bem. Música portuguesa, feita com cérebro, editada com pompa e semi-contada até agora.
«As Lendas do Quarteto 1111» reportam-se à fugaz biografia a grupo dos mediáticos José Cid e Tozé Brito (este último nunca gravou com a banda em estúdio, mas o resto da história descubram no livro…). A história, ou melhor, a lenda gira em torno da rapaziada de Cascais (e outras famílias de bem) que gostavam de guitarras. Mas também gostavam de Portugal e revelavam-no numa expressão livre para os parâmetros da época. A pertinência da banda é fundamental quando é preciso perceber onde anda a pop portuguesa dos nossos dias, e, no limite, a própria música popular portuguesa. Muito antes dos Heróis do Mar, Sétima Legião, Sitiados, A Naifa, e outros proto-luso-pop, o Quarteto 1111 olhava para Portugal com interesse no seu todo.
A prosa é da autoria do jornalista António Pires. Excelsa referência na arte de reportar espectáculos, discos, ou encontros em formato de entrevista, fazendo deste último ponto o verdadeiro proselitismo de uma das incontáveis máximas do poetinha (Vinicius de Moraes), «A vida é a arte do encontro».
Sendo um género que não se quer muito opinativo e ficcional (de todo!), cabe ao biógrafo saber entroncar o seu cunho numa história já escrita nos manuais da memória colectiva. O excelso António Pires consegue-o de forma subtil. Sem magoar a cronologia, o jornalista-escritor consegue encarreirar a sua prosa dando um sabor de biografia à coisa, mas conseguindo uma contextualização muito para lá do esmiuçar da cor de cuecas de um dos elementos da banda numa qualquer noite de hotel. António Pires sabe não ser omnipresente na descrição da história, e num ou noutro momento somos obrigados a reler uma frase para perceber que por ali passou um escriba discreto e de acutilância subtil. António, parabéns pelas tuas Lendas, Raízes e Antenas…
Num lufa-lufa que vem desde a primavera de 2007, a coisa já perdeu a sua conta e rebentou-me com o fôlego. De «Chega de Saudade – Ruy Castro» (esmiuçador de bossa-nova) a «António Carlos Jobim, Um Homem Iluminado – Helena Jobim» (a ternura escrita da irmã com o coração nos dedos), passando por «Chico Buarque, Tantas Palavras – Humberto Werneck» (o “unânime” descascado pela família) até às fenomenais obras de Nelson Motta. «Noites Tropicais» (um carrossel de drogas, Elis Regina, noite, Marisa Monte, estúdios e palcos) e «O Som e a Fúria de Tim Maia» (inenarrável história desse figurão carioca descrita numa condução apropriada).
A coisa, está boa de ver, dá-se mais pelo Brasil. Ultrapassei uma ou outra vez a história portuguesa pelo fascínio canarinho. Admitido e com as mãos limpas segui para uma oferta natalícia de quem nos quer (sempre) bem. Música portuguesa, feita com cérebro, editada com pompa e semi-contada até agora.
«As Lendas do Quarteto 1111» reportam-se à fugaz biografia a grupo dos mediáticos José Cid e Tozé Brito (este último nunca gravou com a banda em estúdio, mas o resto da história descubram no livro…). A história, ou melhor, a lenda gira em torno da rapaziada de Cascais (e outras famílias de bem) que gostavam de guitarras. Mas também gostavam de Portugal e revelavam-no numa expressão livre para os parâmetros da época. A pertinência da banda é fundamental quando é preciso perceber onde anda a pop portuguesa dos nossos dias, e, no limite, a própria música popular portuguesa. Muito antes dos Heróis do Mar, Sétima Legião, Sitiados, A Naifa, e outros proto-luso-pop, o Quarteto 1111 olhava para Portugal com interesse no seu todo.
A prosa é da autoria do jornalista António Pires. Excelsa referência na arte de reportar espectáculos, discos, ou encontros em formato de entrevista, fazendo deste último ponto o verdadeiro proselitismo de uma das incontáveis máximas do poetinha (Vinicius de Moraes), «A vida é a arte do encontro».
Sendo um género que não se quer muito opinativo e ficcional (de todo!), cabe ao biógrafo saber entroncar o seu cunho numa história já escrita nos manuais da memória colectiva. O excelso António Pires consegue-o de forma subtil. Sem magoar a cronologia, o jornalista-escritor consegue encarreirar a sua prosa dando um sabor de biografia à coisa, mas conseguindo uma contextualização muito para lá do esmiuçar da cor de cuecas de um dos elementos da banda numa qualquer noite de hotel. António Pires sabe não ser omnipresente na descrição da história, e num ou noutro momento somos obrigados a reler uma frase para perceber que por ali passou um escriba discreto e de acutilância subtil. António, parabéns pelas tuas Lendas, Raízes e Antenas…
6 Comments:
Bom...
"A divina comédia dos Mutantes"
Carlos Calado
(Tropicalismo)
"Timoneiro: Perfil Biográfico de Hermínio Bello de Carvalho"
Alexandre Pavan
(Samba)
"O Baú do Raul: Revirado"
Silvio Essinger
(Rock)
"História Social da Música Popular Brasileira"
José Ramos Tinhorão
(Tudo)
Beijinhos
Ó meu querido...
que bela troca de presentes!!!
Já tenho bios até ao Verão!
Beijinho
Trojan00:
Muito, muito obrigado pelos elogios (que eu obviamente não mereço) ao meu livro «As Lendas do Quarteto 1111». O mérito é todo deles, que têm mil (cento e onze?) histórias para contar...
Um grande abraço
Alexandre:
Como sempre...a partilha...
António:
Eternamente grato pela tua escrita
Serge Gainsbourg A Fistful of Gitanes- Sylvie Simmons
Alzie!!!
Bloody hell!!!
Gainsbourg?....hummmmm....
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