Circos, Debord, Tool e Winehouse…
…tudo junto e ainda insuficiente para tanto sumo. Já é domingo quando tento alinhar um texto curto sobre o que a Amy Winehouse fez em Chelas na sexta-feira à noite. Leio e releio jornais. Ouço e registo opiniões. Das mais prosaicas às mais patéticas elaborações de retórica. Do mais instintivo ao mais sociológico. Dos acertivos aos transviados. Das sopeiras e dos esclarecidos. O folclore é tanto que me atrevo a dançar ao som da estapafúrdia generalizada.
Na sexta-feira à noite o curioso escriba que aqui vos ocupa tempo tentou penetrar até ao centro da plateia. Até aos mais anónimos. Perceber o que os movia a ver tal objecto social. A mim apetecia-me festejar que uma artista (da música) mundial tenha tanta qualidade e seja tão reconhecida. Além de todos os extras que vieram atrás da edição do álbum. Esse, o disco, é muito bom. Já o tinha dito em Janeiro de 2007 aqui neste espaço…
Infiltrado. Só. Com os ouvidos no palco e na plateia. E lá me fui (des)focando nos risinhos de quem assistia. Nas gargalhadas de 80 mil pessoas. Sem que ninguém cantasse uma linha que fosse. Nada. «Olha olha…ela vai cair…aaaaa!!!». (e eu festejava mais uma de Specials) «Bem…ela mal se segura…» (e Denis Brown!). Nada do que vinha do palco soava a música. Pelo menos a julgar pelos comentários. Tudo era circo. Romano. Com um animal preso na sua desgraça. Caçado pela sociedade e pelas suas (da artista) fraquezas. Sem demónio cobertos. Tudo a nu e em directo. Tudo disponível para entreter. A desgraça a favor do conforto de quem assiste.
A Sociedade do Espectáculo ali diante de todos. Tudo em prol do menor. Do fait-divers. Tudo a favor do espectáculo. Do stand-up (enquanto ela aguentasse). O grande centro comercial de Chelas recebia um número especial para entreter os confortáveis transeuntes.
Guy Debord e leões do tempo de César. Romantismo e fatalismo. O meu ser naïve em confronto com moinhos de vento. Sociedade despida. «Que país é este?», perguntou Renato Russo nos idos anos 80, nos comandos dos Legião Urbano. Que mundo é este?, poder-se-à perguntar ao traçar a perna burguesa.
«Vicarious», a primeira música do ultimo álbum dos Tool. Essa estava na minha cabeça no final do concerto da Amy Winehouse. Frases em rodapé de um texto que celebra o gosto social pela morte em directo. «Eye on the TV, cause tragedy thrills me» (e ó que tragédia!). «Don`t look to me like i`m a monster», porque todos lá estávamos em posição de abutres. «I need to watch things die…from a good safe distance», canta o pequeno Maynard, e todos lá estávamos. Bem distantes. E pergunta-se «why can we just admit it?»…
Na sexta-feira à noite o curioso escriba que aqui vos ocupa tempo tentou penetrar até ao centro da plateia. Até aos mais anónimos. Perceber o que os movia a ver tal objecto social. A mim apetecia-me festejar que uma artista (da música) mundial tenha tanta qualidade e seja tão reconhecida. Além de todos os extras que vieram atrás da edição do álbum. Esse, o disco, é muito bom. Já o tinha dito em Janeiro de 2007 aqui neste espaço…
Infiltrado. Só. Com os ouvidos no palco e na plateia. E lá me fui (des)focando nos risinhos de quem assistia. Nas gargalhadas de 80 mil pessoas. Sem que ninguém cantasse uma linha que fosse. Nada. «Olha olha…ela vai cair…aaaaa!!!». (e eu festejava mais uma de Specials) «Bem…ela mal se segura…» (e Denis Brown!). Nada do que vinha do palco soava a música. Pelo menos a julgar pelos comentários. Tudo era circo. Romano. Com um animal preso na sua desgraça. Caçado pela sociedade e pelas suas (da artista) fraquezas. Sem demónio cobertos. Tudo a nu e em directo. Tudo disponível para entreter. A desgraça a favor do conforto de quem assiste.
A Sociedade do Espectáculo ali diante de todos. Tudo em prol do menor. Do fait-divers. Tudo a favor do espectáculo. Do stand-up (enquanto ela aguentasse). O grande centro comercial de Chelas recebia um número especial para entreter os confortáveis transeuntes.
Guy Debord e leões do tempo de César. Romantismo e fatalismo. O meu ser naïve em confronto com moinhos de vento. Sociedade despida. «Que país é este?», perguntou Renato Russo nos idos anos 80, nos comandos dos Legião Urbano. Que mundo é este?, poder-se-à perguntar ao traçar a perna burguesa.
«Vicarious», a primeira música do ultimo álbum dos Tool. Essa estava na minha cabeça no final do concerto da Amy Winehouse. Frases em rodapé de um texto que celebra o gosto social pela morte em directo. «Eye on the TV, cause tragedy thrills me» (e ó que tragédia!). «Don`t look to me like i`m a monster», porque todos lá estávamos em posição de abutres. «I need to watch things die…from a good safe distance», canta o pequeno Maynard, e todos lá estávamos. Bem distantes. E pergunta-se «why can we just admit it?»…
2 Comments:
Pois eh, moco... A vida nao estah fahcil e a Amy teima em enfiar pelo nariz a economia colombiana. Mas, olha - tenho umas saudades desgracadas de ir ver um concerto contigo. Um grande abraco. FRS
A Saudade a gente inventa-se! Brevemente...vamos prá plateia...
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