Duas Coisas Muito Importantes

Na era da imagem. Sem imagens. Só palavras de duplo sentido. Que desenham qualquer coisa...

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Monday, November 10, 2008

Muito fora de Tom…

…aquele filme brasileiro «Os Desafinados». Um autêntico erro de casting, de propósitos, de capacidade de contar uma história, semi-verídica, com algumas convulsões internas, é certo, mas tudo muito roteiro de novela. A bossa-nova comemora meio século então toca de amamentar a coisa com um filmezeco com actores de craveira. Mesmo que o argumento seja tão bom quanto as piores versões de bossa-nova feitas por músicos de bar de esquina (ainda se fossem de casino…).

A história já foi contada inúmeras vezes em livros e documentários. Há (muitos) que a sabem de cor e salteado. O filme de Walter Lima Júnior inicia, não no Beco das Garrafas, mas sim na sessão de recrutamento de músicos para o grande espectáculo no Carnegie Hall, em Nova Iorque, naquele que seria o primeiro momento sério de internacionalização da bossa nova. O Itamaraty também meteu o bedelho e a coisa tornou-se mais institucional. Os Desafinados, a banda, também deslocou-se a Copacabana Palace para ser escutada. Nada disto é verídico, mas é baseado em passagens sérias da história da bossa. E a partir daí a coisa segue…

Mas segue muito torta. As interpretações são um tanto sofríveis. Os planos muito vazios. Muito pouco ritmo. Muito aproveitamento dos standards bossa para cobrir um argumento muito pobre. Rodrigo Santoro metido nesta embrulhada nem consegue explanar a sua boa figura no grande ecrã. É um artista porreiro, mas em «Os Desafinados» não passa de um aflito actor que mais parece ter saído de um Conservatório e muitas experiências de teatro e transporta-los para um cinema que obedece a outros padrões de interpretação. Ele sabe-o bem melhor do que quem escreve esta patacuada. Enganou-se e acaba por brilhar quando o filme cai no “novelismo” que se deveria de evitar a todo o custo. É nesse “novelismo” que Cláudia Abreu brilha. Lindíssima, com um corte de cabelo mais próximo de shaggy de Londres do que de Ipanema, a actriz consegue trazer ao filme um misto de tragédia de algibeira da Globo com um cinema mais profundo.

E como podemos ver estamos aqui a tratar de assunto “novelesco” quando a trama deveria seguir por um excelência de guarda-roupa (um erro!!!), impressionantes desalinhamentos de “rácor” (carros contemporâneos nas ruas??!), lojas com símbolos modernos por todo o lado, simbologia tola e deixada no vazio (o que fazia aquele negão com cara de malvado na hora do desembarque do grupo em Nova Iorque?). Um filme completamente desafinado.

Dentro do Tom, completamente, está «A Casa de Tom», de Ana Jobim. Nesta terceira mostra de cinema brasileiro, no São Jorge, foi mesmo uma estrela. Também evitou o Beco das Garrafas, não seria necessário outra vez…, e mandou-se directamente para um António Carlos Jobim botânico, pai, ecológico, familiar, em pijama no Poço Fundo ou de sobretudo em Nova Iorque. Um Tom Jobim para próximos. Uma alma muito acima das outras. Outras cabeças, outros estares, outras sensações…

2 Comments:

Blogger Alexandre said...

pois...

3:51 AM  
Blogger Trojan00 said...

Não custava nada correres desde o Saldanha até ao São Jorge aos gritos: "toooooooooooooooooooooooooooooooooooommmmmmmmmmmmmmmmmmmmm"

4:17 AM  

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