Duas Coisas Muito Importantes

Na era da imagem. Sem imagens. Só palavras de duplo sentido. Que desenham qualquer coisa...

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Location: Lisboa, Olissipo, Portugal

Thursday, November 13, 2008

Em ordinarês nos…

…entendemos. Na literatura brasileira, assumindo a contemporânea, muitas são as referências ao acto sexual. De Ruy de Castro a Nelson Motta. Muitos debochados pelo meio. Uns mais eruditos, outros mais malandros, outros mais sérios e sem a metade da piada. Mas também no cinema. Ao visitar documentários de época, filmes série A ou H, as situações de carne multiplicam-se. Os diálogos encontram sempre a expressão que mais em baixo será referida.

Primeiro, contextualiza-se. Aquela malta usa muito pouca roupa. Não há que os contestar. As temperaturas altas quando multiplicadas pela humidade daquele país…enfim, pouco resta senão tirar a roupa. Não é por vaidade. Assume-se. Os gordos desnudam-se. E brincam com o corpo. Usam sunga e “tiram onda” com os “magrelas” que carregam aquele piano de costeletas na vertical. As gordinhas tornam-se mais roliças e passeiam com muita cagança o peso de um peito farto e diabólico. A literatura, bem como o cinema, música e artes circundantes são o reflexo óbvio de todas essas condições socio-metereologicas.

A libertação surge, evidentemente, através da linguagem. Reflexo máximo de todas as idiossincrasias do país. E no meio de tantas expressões exóticas para nós, como a troca do singular pelo plural e vice-versa, as interjeições sexuais e outras solicitações do género são também fruto de muito boa disposição.

Ora, tanta lenga-lenga, para chegar à expressão «dar para…». Elas, o fruto mais apetecido e todo o poderoso, transformam na expressão «dar para…» o seu voto máximo de potência. Mesmo no acto homossexual, seja homem, mulher ou alforreca, uns dão. Oferecem. Dispõe-se a qualquer coisa oferecendo metade. Ficam à espera da outra metade para iniciar o jogo.

Enquanto em português de Portugal assumimos que elas «levam com …», as brasileiras sabem que o poder está do lado delas. Que elas escolhem a caça. Escolhe o predador faminto. E estimam-no através de dádivas. Mas só quando querem. Elas não têm que «levar com…» nada. Elas «dão». É um acto caridoso. Um pedaço de céu no universo bacoco masculino. No mundo pragmático dos machos tal acto é uma bênção. Receber. Elas provocam assim o amor. Uma gentileza. Muito mais poético. Em vez de «levar com», é muito melhor «dar para». Tem remetente, endereço certo e receptor explícito. Um vaso comunicante por excelência. A poesia máxima. O poder feminino no seu absoluto infinito. Parabéns…

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