Duas Coisas Muito Importantes

Na era da imagem. Sem imagens. Só palavras de duplo sentido. Que desenham qualquer coisa...

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Location: Lisboa, Olissipo, Portugal

Wednesday, March 07, 2007

A ciência das coisas…

…não perdoa. Dizem-me ao balcão de um bar mal frequentado no coração de um Bairro que já esteve em alta. A provocação é tal que deixamo-nos ficar a observar engates baratos enquanto se batem palmas à quase despassarada passagem de um tema muito conhecido dos Smashing Pumpinks. «Este é que é um ganda som», exulta o técnico de chiclas porta-à-porta. É a «ciências das coisas», eu compreendo. A «ciência» de se poder dizer um monte de nadas, sem fazer descontos para a Caixa ou acrescentar despesas no IRS. Mas que coisas? Nadas, pronto. É a ciência de todos os nadas que tanto explica sobre este mundo. E pensamos muito pouco a propósito, «uma festa dos 90 é que era». Guarda-se a ideia e avança-se para a desprezível sedução que quatro shots podem provocar num encontro de olhares, nunca gémeos, de alguém que nos está presente por perto.

Avança-se para uma noite profunda. De cores garridas e ideias libertinas. Gritam-se «vivas» a coisas como Cristina Aguilera ou outra diva qualquer tipo Boy George, enquanto se gala o quadril adulterado de um Artur, que agora responde por Sónia. Geme-se por não se ter mais senhas-do-bar e o calor de Inverno a pedir descompressão social. É a «ciência das coisas» que nos obriga a não pensar e avançar para os últimos euros perdidos na verilha cansada.

Acorda-se estremunhado e segue-se para uma viagem de 400kms ao volante. A porta não está bem fechada e este fim-de-semana ainda se prepara para ventos inesperados. Entre Gaiteiros de Lisboa e Astrud Gilberto o percurso torna-se menos penoso. Dead Combo é mesmo a melhor companhia de viagem, confirmo. É a «ciência das coisas» a explicar que «uma canção, uma banda, um acorde pode ter um valor sacramental em determinado momento». A «ciência das coisas» finaliza indicando um taxativo «ou não».

Estamos em Ponte de Lima quando a «ciência das coisas» volta a atacar no menosprezo sanguíneo de um ente (infelizmente) próximo. Mais adiante, esquecemos o degredo do inevitável grupo sanguíneo e explica-se um pouco da «ciência das coisas» quando alguém nos dá um bombom. Um abraço em overdose, portanto.Um pequeno «nada». Um pouco de «ciência das coisas». Válido.

Arranha-se a garganta quando se desce no elevador que fede a enfermeiras. Elas sorriem para aliviar o transtorno. Evita-se o quarto por ter a certeza que o último registo pode danificar a dignidade da memória. Faz-se contas entre a porta a aproximar-se e um «Périnho» dito de forma atabalhoada com toda a sapiência que o amor sabe soletrar. É a «ciência das coisas» a tentar ponderar, entre um nada e o vazio. Tanto filho-da-puta pronto para ser empalado por um touro raivoso e logo aquele pedaço de ternura é que haveria de estar a tremer das pernas e a pedir para ir ao «quarto de banho». Aguenta, António. Eu...

2 Comments:

Blogger Hugo Amaral said...

Sempre inspirado, o senhor!

3:28 PM  
Blogger Trojan00 said...

Muito, muitíssimo obrigado, caro Hugo!!!

Espero vê-lo pela chafarica com maior frequência!

5:16 AM  

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