Duas Coisas Muito Importantes

Na era da imagem. Sem imagens. Só palavras de duplo sentido. Que desenham qualquer coisa...

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Location: Lisboa, Olissipo, Portugal

Wednesday, February 21, 2007

Guernica Havoc: relato possível de uma distância quente

Escape fácil e previsível esse de rebuscar o som do vinil. Uma guitarra a avisar do fundo do túnel do «Clockwork Orange», quando Malcolm McDowell (Alex) nos assalta como que um petardo que há-de ter como destino provável os tímpanos. 01:32; canal auditivo deteriorado. «Shoot your Superstars», parece-me uma frase a dois tempos. Um (o primeiro portanto), bom encontro iconoclasta. Dois (o segundo portanto), já alguém o disse e não me lembro quem. A guitarra adquire tonalidade e sente-se limpidez. Há um baixinho que se encosta no bombo como um soldado nazi em parada filmada por Riefenstahl. Há um teclado gótico a caminho dos My Dying Bride mas todos nus a correr numa praia colorida.

Outro interlúdio. Irrita-me o empecilho do pseudo-vinil. O piano é solto, qual Eunadi em desinteresse cinemático.

Boas vozes nos primeiros segundos do quarto andamento. Os Muse a cavalgar desde o castelo alaranjado de Silves até à secura de Portimão. O vocalista empunha uma espada enquanto canta de nuca descaída sobre as costas. Para o não-refrão os músicos abraçam-se. A porra dos Muse ainda cavalgam que se fartam. Boas vozes a meio do tema. Muito boas vozes. Bem colocadas. Alguém as espetou bem na saborosa repetição da bateria. Os Faith no More ainda não acabaram, dizem-nos em sussurros gritados.

Outro interlúdio. O vinil computorizado soa a tudo menos a qualquer coisa boa. Ainda por cima esconde um pedaço de boa música.

Sexto capítulo. «Ah, isto é para malta que gosta dos Tool, também». Este «também» faz toda a diferença, acrescentaram os OceanSize. Há uma espessura de graves que segura a qualidade do delay guitarreiro. Um cravo é entregue pela voz. Zavala, Rodriguez, Cedric e/ou Omar não são nomes estranhos ao círculo. Impressionante vontade de não criar refrões.

O piano torna-se fundamental na sétima partitura. Trágico e esquizofrénico. Quase autista a um canto a fazer a sua festa barroca numa fumarenta sala de ensaio. Quero aquele piano. Não quero aquele toque de bateria por volta dos 02:30. É de um concurso de uma Câmara Municipal qualquer. Também não quero aquele telefonema encenado. Fake and been there, done that. Mas quero aquele piano em evidência. Quero todas as vozes do fim proto-apoteótico.

Nona sinfonia. A Perfect Circle rapinam os Mr.Bungle. Estamos felizes e damos as mãos em círculos quadrados. Vozes exemplarmente bem desenhadas. Encavam-nos e quase que soam de São Francisco ou outra coisa qualquer para lá de Sagres.

Guernica Havoc editam o EP «Foxtrot of them marionettes» Março de 2007.

www.myspace.com/guernicahavocband

2 Comments:

Blogger Ana Margarida said...

Caro amigo, o seu texto convenceu-me a ouvir os senhores, cuja parte-do-nome-inclui-o-nome-de-um-quadro-muito-famoso-de-um-pintor-também- ele-muito-famoso. Obrigada.

Só não percebo porque é o teu estaminé encrava em todos os pc´s onde o vejo e chega mesmo a encravar o pc. bruxedo!

6:59 PM  
Blogger Trojan00 said...

Ó caríssima Ana,

muito obrigado pela sua representativa visita. Espero que goste da viagem até Guernica. Em breve teremos notícias dos moços.

Estou a tentar solucionar o problema do encravanço...

2:23 PM  

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