Duas Coisas Muito Importantes

Na era da imagem. Sem imagens. Só palavras de duplo sentido. Que desenham qualquer coisa...

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Location: Lisboa, Olissipo, Portugal

Tuesday, November 07, 2006

Porque é que os dias tremem?

Com alguma indulgência aceito que o digníssimo leitor possa crer que tem direito a controlar seja o que for. Se eu não tenho, por altruísmo generalista, creio que os outros também são incapazes. Tomemos o exemplo que me assolou durante dois terços de uma semana (o que são dois terços de uma semana?)…

Constipação. Não vale a pena pensar que uma constipação possa largar o nosso corpo com uma auto-medicação. Ou com vacinas. Com um copo de leite largado no fogão entre o alcance dos chinelos e o cumprimento de uma necessidade fisiológica com uma engelhada e ligeira altercação física matinal entre mãos. Ou mesmo com repouso. Com lareiras. Ou com lenços de algodão quentinhos. Debaixo de uns edredons invernosos. Ou, no mais autofágico movimento, com uma garrafa de whiskey.

Nenhuma das hipóteses é suficiente. O que fazer então? Nada como a sapiência materna para afugentar o mau olhado dos fungos. Nada como o leitinho quente servido na cama por aquela criatura, que pelo menos gemeu duas vezes na sua vida. Uma, de prazer na hora da feitura (suponho eu…). Outra, na hora de rebentar o útero para me soltar do anonimato para as mãos de um parteiro gay, que não me conhecendo, esbofeteou-me nas nádegas à espera de um olhar carinhoso da minha parte…

E com a bênção materna parte-se em busca do fumo das caves do fim-de-semana. Do OndaJazz, via ProjectoYeti, nos 36 segundos brilhantes de cada tema. E não se fuma nas mesas da frente. Para o fumo total (empedernido) no Armazém C2, em Alcântara, para ver o Tony Carreira de Trench Town, cidade de Kingston. O próprio, o senhor Gregory Isaacs. Um ex-Trojan Records e um feitor de baladonas e embalos fumarentos ainda o calyspo fazia roçar as incautas nos americanóides arrítmicos alojados nos hotéis de Kingston. Um desespero bem vestido.

E o coração a bater. E os dias passam a tremer. Eram 20h26 de domingo e o João Bosco largava-me a mão. Mas João, eu queria agarrar-lhe a mão, esse louvado membro, acompanhado por outro gémeo, que nos têm dado esse samba demasiado técnico para a sexualidade humana. A sério João, agradeço-lhe. Aliás, a minha mãe só me trouxe o leitinho à cama para uns dias depois o poder cumprimentar. Mas sabe João, hoje tenho uns amigos em casa. E são “daqueles”, `tá a ver? “Daqueles”. São os Tool e tocam daqui a uma hora. No outro lado da cidade. Não o ignoro, João. Mas eles dão-me tesão. A sua barba é interessante. O pulso é forte. Mas eles dão-me tesão. João, você fica bem acompanhado. O Gonzalo, esse cubano charmoso, acompanha-o e mesmo as moças da promotora são suficientemente atraentes para você esquecer e minha figura cilíndrica, mas disponível. É que `tou cheio de tesão e você sabe como é! Nada visivelmente palpável cresce em mim. Mas é uma tesão furibunda quando não saciada. Não controlo. É como as gripes, ou a exagerada masturbação dos tipos do jazz, ou o mau gosto do jamaicano. Não controlo, ponto. E é que os quatro rapazes querem apresentar-me outros «10,000» dias para que possamos continuar a tremer. É uma tesão irracional só explicada quando aqueles quatro tipos começarem a tocar no Atlântico e sentir esse choque exotérico de alguém me sugar sem ficar friccionado…

1 Comments:

Blogger ZT said...

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4:48 AM  

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