O rancho de Coimbra…
Antes, ainda e pós a nossa “devota” ditadura política foi chegando a Portugal um conjunto de informações artísticas, que alteraram, aos poucos, certos e determinados padrões de comportamento. Os cabelos compridos e tal. Essas miudezas histórias.
Ora em Coimbra, já com o Paulo de Carvalho consumado na emissora nacional, a malta mais novata deu-se muito a americanices. Fosse por via da força do blues, da soul, ou do outro r&b. Os discos da Stax e da Motown fizeram escola e tanto Memphis como Detroit transformaram-se em sonhos húmidos para muita rapaziada da “outra” Coimbra, que não a estudantil do desespero fadista.
E a mesma matilha conimbricense organizou-se. Adaptou um estilo e transformou, em certa medida, a cidade. Elegeram heróis (Tédio Boys). Estes partiram para a conquista de outras paragens. Conseguiram mais do que dignos cosmopolitas alfacinhas ou eternos outsiders tripeiros. Mas por razões que só a sapiência divina o saberá, a banda acabou e dilui-se. Houve sucessores à altura.
Os Bunnyranch perfilam-se nesse resultado. Assim como os D3Ö, WrayGunn e The Legendary Tiger Man, ou até mesmo as Voodoo Dolls, numa última análise. Kaló, um tipo com ar de pugilista do Sul norte-americano e um coração do tamanho da luva de boxe, comanda a coisa. Tem um Mick Jagger no baixo. Um charmoso na guitarra. E um tipo novo no teclado deliberadamente roubado à companhia Booker T. & MGs. Mas também roubam aos Stones. Aos Rolling Stones que a tia que foi ao Estádio das Antas desconhece. Aqueles Stones mais empedernidos. Mais dados ao diabo e às suas tarefas pagãs.
«Luna Dance» é o novo álbum e foi apresentado no Clube Mercado na noite que antecedeu o feriado da implantação da República. E foi muito bem apresentado. O homem (Kaló) ainda toca de pé e com uma vivacidade contagiante (básico…). Existe força. E (pasme-se!) reinventaram-se! Não tocam a mesma música durante horas como seria de esperar. Estão à procura de outras soluções dentro do mesmo estilo. Na mesma matriz juntam agora uma atitude menos boogie e mais «n`roll». Até expandiram-se nas cores das vestimentas. Largaram o cabedal, os vermelhos e os noirs. Estão coloridos, sem prejuízo para boatos de estarem «diferentes» ou terem que dormir em casa alheia para serem o que são…
P.S.: decidi quebrar a rotina do «texto de segunda-feira». Os Bunnyranch merecem. Morreu a rotina. Viva a rotina...
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