Duas Coisas Muito Importantes

Na era da imagem. Sem imagens. Só palavras de duplo sentido. Que desenham qualquer coisa...

Name:
Location: Lisboa, Olissipo, Portugal

Sunday, September 10, 2006

Entre o sujo e a Diva...

Registar no BI uma data de nascimento que anteceda a década de 80 tem, entre múltiplas outras consequências, um significado implícito. O facto revela que no início da década de 90 a puberdade ajudava à estratégia de emancipação do indivíduo. Quer através do beijo-tábua repimpado na boca de um ser desejado (ai os desejos…). Quer através da primeira renúncia séria a ordens paternais. Quer através de um estranho fenómeno que começa a fazer sentido…Quem somos nós afinal?!? E por alturas de 1992 (mais minuto, menos ano), o ser nascido no pós-74 estaria a pesquisar, entre milhentos factores, «mas que raio de música é que gosto?!?!?»…

Pois bem. A época reporta à tão distante «novidade» no espectro da disciplina artística, que é a música. A «novidade» de uma série de bandas, que arruinavam com os azeiteiros glamourosos do rock de estádio de 1989 (Mötley Crüe à cabeça…). Novas bandas que voltavam a utilizar guitarras ao mesmo tempo que vendiam os sintetizadores dos irmãos mais velhos. E mais ainda. Os «miúdos» cometiam a heresia de veicular mensagem sócio-política através das suas performances, depois de uma década de palmadinhas nas costas e repressão oral, que as bandas dos 80s decidiram espalhar por todos os textos cantados por si. Morram! E morte às letras tábuas-rasas da pop dos anos 80. Salvaguarde-se os nossos The Cure, The Smiths e outra «britania» apetecida…

Bom, não sendo o mais afectado pela «lavagem» grunge dessa década, ao terceiro parágrafo prometo focar-me nos Pearl Jam. Foram dois espectáculos. O gerente da chafarica só assistiu ao primeiro dos concertos. Notas soltas: simples, directo, cru, próximo, quente, concreto, familiar, telepático, ternurento, e sem etc`s. Há ali muito do que se formou a indústria musical nos anos vindouros. A capacidade de fazer frente à empresa responsável pela venda de espectáculos nos EUA. A dedicação ecológica. A antecipação aos bootlegs a pensar nos que se interessam pelo trabalho da banda. Uma coerência difícil de digerir para quem a banda acabou antes de começar. Estou farto dos Rolling Stones. Viva os Pearl Jam…

Quarto parágrafo. E não é à toa. Foi a quarta vez a que assisti a um espectáculo de Marisa Monte. A minha Diva musical. Todos temos uma, certo? Esta é minha. Não tenho ciúmes e decido partilha-la com todos os que se enternecem com a minha ingénua paixão pela senhora. E talvez tenham razão em atenderem à minha infindável «vendalização» do produto Marisa Monte. Até este espectáculo, o excelente foi a única nota encontrada como a predominante na quadratura de apresentações.

Uma visão conceptual fora do comum entre os artistas brasileiros. Marisa Monte conhece as regras do «showbiz» e sabe que o «seu» público espera dela algo mais do que as canções dos discos. Ela não renega as vontades alheias. Desta feita recorreu às luzes dos sets de filmagens dos grandes estúdios de cinema. Rapidamente se transformou em Diva do grande ecrã. Todos os temas adquirem contornos quase de videoclips. «Pernambubucolismo» vai repenicar na memória por muitos e bons anos. Uma canção não muito forte em disco, mas que ao vivo amplia os silêncios das duas notas repetidas enquanto fecha os olhos e eleva o discurso directo para «Eu vou fazer / Um movimento, amor…». Marisa Monte é aquela artista pela qual nos embaraçamos com o silêncio na sala, depois de 45 minutos de extensa e cuidada apreciação à obra da artista, para os presentes na tertúlia…Mas não é que ninguém mandou calar?!...E ninguém saiu da sala….

2 Comments:

Blogger Trojan00 said...

Majunguinho,

como sabes, estou fora desse baralho. Escreve para o "beto".

Obrigado pela visita

2:17 PM  
Blogger Trojan00 said...

EEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE!!!!

«Fizeste o meu dia», em Americano!!! Porra, bora lá man. Bora lá. Brasil do bom é Brasil universal. Começar pelo Caetano é assumir uma relação...

Beijo do Gordo!!!

1:38 PM  

Post a Comment

<< Home