Hoje lembrei-me de ti, Alexandre
E lembrei-me de ti, não na página 254, em que me encontro, mas no decorrer da leitura até ao momento em que paro para estimular o amor entre semelhantes, através desta psicanálise a que recorro denominada por blogue (à portuguesa…). Lembrei-me de ti porque revejo nas duas centenas e meia de livro muito do que é feito o lado não-económico do ser humano. Lembrei-me da falta que por vezes (sempre?) me faz ter a tua sensibilidade por perto. Da tua sensibilidade para com as coisas belas. Para com a arte, que só pode ser bela (mesmo a sugestão de horror é belo…). Mesmo quando a determinada altura do livro, encontro alguém, que descrito por Veloso, reporta-me, imediatamente, a uma visualização exacta da tua cara quando alguém está a vociferar banalidades e tu fazes um esforço incomensurável para endireitar o diálogo, com o cerrar das sobrancelhas como quem tem que voltar atrás para explicar-se.
Lembrei-me de ti ao ler uma ideia de ingenuidade genuína (que combinação…) de quem não aceita o obscuro simplesmente porque só vislumbra a luz. E lembrei-me ainda com mais vivacidade quando encontro em ti muito do que (hipoteticamente) existe num ser humano, que tão bem é sugestionado por Caetano. Da paciência que ele extrai dos outros. Da anti-sobranceria que homenageia. Da rejeição ao pedantismo serôdio. Da genialidade musical examinada de forma tão clara por Caetano. Da generosidade sugestionada. Do pouco apreço por coisas medíocres. É claro que invejamos a maneira como o Génio descreve os mais inóspitos episódios. Da velocidade do seu discurso. Da delicadeza das palavras, mesmo quando a observação não é favorável ao visado.
Lembrei-me de ti quando bebericámos dois refrigerantes e uns bolos prensados da Praça do Chile, e soubemos cativar o desprezo de um hipotético assalto às 03h00 da madrugada, só porque estamos tão embrenhados na certeza pretensiosa num ready-made através da música moderna portuguesa, que deve reler a música popular portuguesa e os Mogwai e Envy podem ser revistos por Zés Pereiras, assim como o fado apaixonou-se pelo trip-hop. Tal como Caetano, Gil, Gal e Bethânia estiveram presentes numa revisão alargada de uma cultura abandonada e volátil a externalidades (americanices..) que era vigente no Brasi (bossa-nova sem sumo e ié-ié-ié)l, temos também o punho levantado para essa comiseração da música moderna por normas reencontradas pelo Mestre Fausto Bordalo Dias. Tu e eu sabemos que se o Brasil fosse potência económica, quem é que queria saber do animalesco quatro-por-quatro do rock`n`roll?!?!? E nós que nos armámos ao rock durante tantos anos…
Lembrei-me de ti pela forma como Caetano expõe-se. Equaciona-se. Louva-se. Ignora-se. Desperdiça-se. E como desfaz cantigas através de nonas aumentadas e sétimas escondidas. Lembrei-me como ouvimos Caetano e começamos a rir como dois namorados que se tocam após um orgasmo a dois. Lembrei-me de ti quando Caetano invoca a casualidade com que conheceu tantos seres humanos de recorte único. E assume o «uno» das personalidades assim como tu dispensas atenção para novos mundos. Dispões-te ao novo. Mas não de uma forma bacoca como muitos invocam a «novidade». Tu és a novidade. Vive-la sempre com a certeza que essa novidade tem prazo. Obrigado…
5 Comments:
Bem esse Alexandre (nao sei quem é) digo ja que é um gande sortudo. Alias como mt boa gente que conheces :P
Temos que ir almoçar a sitios giros (mas baratos) para contares-me historias, e bater papo cara.
Beijo com carinho
Ó minha querida Ednita!
Muito obrigado pelo "comént"!
O Alexandre é um indivíduo de excepção, não há dúvida...
Conheço mais, é evidente.
Aceito esse convite pq há realmente muito para contar. Isso para quando?
Abraço
Ohh ... Que lindo ...
Sempre gostei da maneira como escreves !!!
Ena, ena ...
Beijo
** Hasta **
Ó!!! Estou embaraçado (e em espanhol também dado que esta "princesa do Agreste" não pára de crescer...). Muito obrigado pela consideração.
Lá estou destronaçado outra vez...
Abraço
Desfiz-me em merda!
Mas merda bem cheirosa....
ai pedrinho....
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