Duas Coisas Muito Importantes

Na era da imagem. Sem imagens. Só palavras de duplo sentido. Que desenham qualquer coisa...

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Location: Lisboa, Olissipo, Portugal

Sunday, September 03, 2006

Hoje lembrei-me de ti, Alexandre

Hoje lembrei-me de ti, Alexandre. O assunto é recorrente na metacomunicação por nós criada para, num íntimo muito profundo, declararmos a plenos pulmões, que estamos de acordo com a primeira frase do livro «Verdade Tropical», prosa extensa da autoria do único génio vivo deste mundo musical, Caetano Veloso. «Costumo dizer que, se dependesse de mim, Elvis Presley e Marylin Monroe, nunca se teriam tornado estrelas», escreve o senhor logo no capítulo de abertura da obra. Com uma inveja contemplativa apetece-me apagar a frase do livro para que a possa reescrever à minha (nossa?) maneira. Não para alterar o valor semântico. Apenas e só pelo prazer de não concordar de forma tão descarada com tão acertivo pensamento.

E lembrei-me de ti, não na página 254, em que me encontro, mas no decorrer da leitura até ao momento em que paro para estimular o amor entre semelhantes, através desta psicanálise a que recorro denominada por blogue (à portuguesa…). Lembrei-me de ti porque revejo nas duas centenas e meia de livro muito do que é feito o lado não-económico do ser humano. Lembrei-me da falta que por vezes (sempre?) me faz ter a tua sensibilidade por perto. Da tua sensibilidade para com as coisas belas. Para com a arte, que só pode ser bela (mesmo a sugestão de horror é belo…). Mesmo quando a determinada altura do livro, encontro alguém, que descrito por Veloso, reporta-me, imediatamente, a uma visualização exacta da tua cara quando alguém está a vociferar banalidades e tu fazes um esforço incomensurável para endireitar o diálogo, com o cerrar das sobrancelhas como quem tem que voltar atrás para explicar-se.

Lembrei-me de ti ao ler uma ideia de ingenuidade genuína (que combinação…) de quem não aceita o obscuro simplesmente porque só vislumbra a luz. E lembrei-me ainda com mais vivacidade quando encontro em ti muito do que (hipoteticamente) existe num ser humano, que tão bem é sugestionado por Caetano. Da paciência que ele extrai dos outros. Da anti-sobranceria que homenageia. Da rejeição ao pedantismo serôdio. Da genialidade musical examinada de forma tão clara por Caetano. Da generosidade sugestionada. Do pouco apreço por coisas medíocres. É claro que invejamos a maneira como o Génio descreve os mais inóspitos episódios. Da velocidade do seu discurso. Da delicadeza das palavras, mesmo quando a observação não é favorável ao visado.

Lembrei-me de ti quando bebericámos dois refrigerantes e uns bolos prensados da Praça do Chile, e soubemos cativar o desprezo de um hipotético assalto às 03h00 da madrugada, só porque estamos tão embrenhados na certeza pretensiosa num ready-made através da música moderna portuguesa, que deve reler a música popular portuguesa e os Mogwai e Envy podem ser revistos por Zés Pereiras, assim como o fado apaixonou-se pelo trip-hop. Tal como Caetano, Gil, Gal e Bethânia estiveram presentes numa revisão alargada de uma cultura abandonada e volátil a externalidades (americanices..) que era vigente no Brasi (bossa-nova sem sumo e ié-ié-ié)l, temos também o punho levantado para essa comiseração da música moderna por normas reencontradas pelo Mestre Fausto Bordalo Dias. Tu e eu sabemos que se o Brasil fosse potência económica, quem é que queria saber do animalesco quatro-por-quatro do rock`n`roll?!?!? E nós que nos armámos ao rock durante tantos anos…

Lembrei-me de ti pela forma como Caetano expõe-se. Equaciona-se. Louva-se. Ignora-se. Desperdiça-se. E como desfaz cantigas através de nonas aumentadas e sétimas escondidas. Lembrei-me como ouvimos Caetano e começamos a rir como dois namorados que se tocam após um orgasmo a dois. Lembrei-me de ti quando Caetano invoca a casualidade com que conheceu tantos seres humanos de recorte único. E assume o «uno» das personalidades assim como tu dispensas atenção para novos mundos. Dispões-te ao novo. Mas não de uma forma bacoca como muitos invocam a «novidade». Tu és a novidade. Vive-la sempre com a certeza que essa novidade tem prazo. Obrigado

5 Comments:

Blogger Maria Imaginário said...

Bem esse Alexandre (nao sei quem é) digo ja que é um gande sortudo. Alias como mt boa gente que conheces :P
Temos que ir almoçar a sitios giros (mas baratos) para contares-me historias, e bater papo cara.
Beijo com carinho

8:04 AM  
Blogger Trojan00 said...

Ó minha querida Ednita!

Muito obrigado pelo "comént"!

O Alexandre é um indivíduo de excepção, não há dúvida...

Conheço mais, é evidente.

Aceito esse convite pq há realmente muito para contar. Isso para quando?

Abraço

11:59 AM  
Blogger The Queen said...

Ohh ... Que lindo ...
Sempre gostei da maneira como escreves !!!
Ena, ena ...

Beijo

** Hasta **

7:41 AM  
Blogger Trojan00 said...

Ó!!! Estou embaraçado (e em espanhol também dado que esta "princesa do Agreste" não pára de crescer...). Muito obrigado pela consideração.
Lá estou destronaçado outra vez...

Abraço

12:50 PM  
Blogger Alexandre said...

Desfiz-me em merda!
Mas merda bem cheirosa....

ai pedrinho....

9:38 AM  

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