O franguinho da D.Ana…
…sabe a história. Tem o paladar apurado de quem ficou muitas tardes agarrado à grelha. Enquanto outros cantavam, bebiam, cochichavam, mal-diziam. O senhor Zé tem essas mãos. Agarradas à grelha, elas guardaram-se de copos cheios e conversas inoportunas, mas queimaram-se com o lume contínuo de outros fogos. Aprumou a arte. É um assador profissional.
Agora o senhor Zé não assa de borla. Recebe pela sua especialização. Veste-se a preceito, num misto entre fato-de-macaco (mecânico style), afia a navalha, esquarteja os bichos já depenados, “espalrama-os” numa grelha própria e deixa-os arder na brasa. O processo é duro como as mãos do senhor Zé. Como o semblante do senhor Zé. Os frangos não se riem. Assim como o senhor Zé. Aquilo é «boa noite», uma resmungadela em voz baixa, uma fagulha que salta e toca a deita-los na travessa de alumínio.
O franguinho que a Dona Ana saca da grelha, depois de o senhor Zé ter esquartejado o animal vem sempre muito bem tostado. Não queimado. Vem seco. Sem partes mal assadas. Sem interiores de ossos sangrentos. Com a pele a estalar. É diferente. Vem no ponto. Eu recordo-me desse frango quase semanalmente. Das sextas-feiras trabalhosas que acabavam por cima de umas caixas de óleo Fula a aproveitar-me do peito do frango indefeso. E mais ainda, ó teoria de viajante, quando regresso a Lisboa. O ritual dura menos de 24 horas. Nesse espaço de certeza que o franguinho da Dona Ana vem espreguiçar-se à mesa. Que o digam amigos que não percebiam porque é que fazia quase 10 quilómetros para o ir buscar. Não percebiam porque é que transportei dúzias de São João da Talha até ao Meco, só para os ter numa noite mais bonitinha. Outros perceberam depois de o provar.
O meu querido camarada Filipe ao telefone: «pá, sabes onde há uma boa churrascaria aqui perto de onde estou a morar agora?». Parque das Nações. «Ó meu amigo, toma o número. Logo à tarde dou-te as coordenadas (era pré-GPS)». Episódio seguinte. Marcelo rumina à mesa ao chupar uma asa. «Bom pá cara…». Um brasileiro, habituadíssimo a “churrasquinho”. A ver se não gosta…não que não gosta…Etc..Etc..
«Alô, Dona Ana. É o Pedro da Loja. Tem meio para as sete e meia?»
Agora o senhor Zé não assa de borla. Recebe pela sua especialização. Veste-se a preceito, num misto entre fato-de-macaco (mecânico style), afia a navalha, esquarteja os bichos já depenados, “espalrama-os” numa grelha própria e deixa-os arder na brasa. O processo é duro como as mãos do senhor Zé. Como o semblante do senhor Zé. Os frangos não se riem. Assim como o senhor Zé. Aquilo é «boa noite», uma resmungadela em voz baixa, uma fagulha que salta e toca a deita-los na travessa de alumínio.
O franguinho que a Dona Ana saca da grelha, depois de o senhor Zé ter esquartejado o animal vem sempre muito bem tostado. Não queimado. Vem seco. Sem partes mal assadas. Sem interiores de ossos sangrentos. Com a pele a estalar. É diferente. Vem no ponto. Eu recordo-me desse frango quase semanalmente. Das sextas-feiras trabalhosas que acabavam por cima de umas caixas de óleo Fula a aproveitar-me do peito do frango indefeso. E mais ainda, ó teoria de viajante, quando regresso a Lisboa. O ritual dura menos de 24 horas. Nesse espaço de certeza que o franguinho da Dona Ana vem espreguiçar-se à mesa. Que o digam amigos que não percebiam porque é que fazia quase 10 quilómetros para o ir buscar. Não percebiam porque é que transportei dúzias de São João da Talha até ao Meco, só para os ter numa noite mais bonitinha. Outros perceberam depois de o provar.
O meu querido camarada Filipe ao telefone: «pá, sabes onde há uma boa churrascaria aqui perto de onde estou a morar agora?». Parque das Nações. «Ó meu amigo, toma o número. Logo à tarde dou-te as coordenadas (era pré-GPS)». Episódio seguinte. Marcelo rumina à mesa ao chupar uma asa. «Bom pá cara…». Um brasileiro, habituadíssimo a “churrasquinho”. A ver se não gosta…não que não gosta…Etc..Etc..
«Alô, Dona Ana. É o Pedro da Loja. Tem meio para as sete e meia?»
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