Duas Coisas Muito Importantes

Na era da imagem. Sem imagens. Só palavras de duplo sentido. Que desenham qualquer coisa...

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Location: Lisboa, Olissipo, Portugal

Monday, October 30, 2006

Ao domingo vai-se à adega…

...e provam-se as palavras. Foi o que aconteceu na noite de Domingo (29/10/06), no serão denominado por Triângulo Escaleno, na Rádio Química, 105.4 FM. A dose estava explicada. João Gonçalves (grandesons.blogspot.com) e Vítor Junqueira (juramentosembandeira.blogspot.com) lembraram-se de convidar este humilde «cidadão» para uma mesa tertuliana em emissão de sinal aberto. De Los Santeros a Sham 69. De PJ Harvey a Kyuss. De Moreno Veloso ao «Alecrim». Houve um pouco de tudo.

Foi a nona sessão desta experiência herteziana. Em que a rádio é servida na sua forma mais espontânea. Livre de regras ou guiões. Com intervenientes dispostos a arriscar algo mais para lá da corriqueira animação radiofónica. E, nomeadamente, com disponibilidade à reciprocidade de conhecimentos. Sejam de índole futebolísticos, culturas várias ou no manuseio de um isqueiro para diversos fins.

Perdoai-me a presunção, mas já sabia que o resultado seria positivo. Tertúlia e gente com pensamentos alinhados (mesmo que saudavelmente desalinhados no conteúdo) só resulta em algo de positivo.

São os «outros dias da rádio» que se tentam ali para os lados de Alcoitão. Os dias da rádio solta. Desinibida. Da carolice sem idade. Da eterna paixão pela qualidade e diversidade. Um muito obrigado aos meus vértices.

Para escutar a 9ª emissão do programa:

  • Triângulo Escaleno #9

  • Primeiros resultados

    Para já ficamos assim....

    http://grandesons.blogspot.com/

    dentro de momentos volto a este assunto...

    Saturday, October 28, 2006

    A convite de...

    ...dois estóicos melómanos vou estar na Rádio Química (105.4) para uma prazerosa tertúlia. Os digníssimos João Gonçalves e Vitor Junqueira pisaram o risco ao convidar esta alminha para vociferar coisas mundanas. Desconfio que vai-se falar de música....desconfio...

    Depois conto-vos o que disse o aquecedor...

    (domingo, dia 29/10/06, 22h00)

    Monday, October 23, 2006

    Post de «como desculpar a carne»…

    …ou de como o interceder junto do poder da língua num regime coloquial. Poderia indicar a importância, e algum sentido de missão, com que recebi o álbum da Brigada Victor Jara. Ou até como decorreu o espectáculo em Almada. Da vitalidade histórica de um grupo de “folkdigga`s” que respondem por Brigada Victor Jara. De como o «Baile Mandado» se transforma num dos números mais cómicos da música popular portuguesa, via o corridinho do Algarve. Podia pensar numas palavras para tudo isto.

    Também poderia escrevinhar umas linhas sobre o Bonde do Role, no Clube Mercado, em Lisboa. O funk carioca em formato “in”. O quão autofágicos podem revelar-se os movimentos “cool” empolados por uma massa urbana rebarbada pela novidade. A carne dança e não pensa. A urgência do nonsense em formato pop. Tudo isto minutos antes de uma nova Lisboa, vide Buraka Som Sistema (hei-de aqui voltar).

    Sem história ficaria o Andrea Bocelli, no Domingo. Ou daria para muita estória. Mas evita-se. Pela decência. Pelo bom-senso. Até porque venera-se a capacidade de ser politicamente correcto ao cabo de duas ou três frases com um subtexto escarrapachado.

    Esta semana optei pela via autista, num primeiro momento. Altruísta, para sempre. Depois de uma viagem cibernáutica…como dizer….proto-pornográfica…(será?)…descobri as imagens de uma moça robusta. A pesquisa foi impulsionada pela notícia nos jornais. Decidi levar-me pela sugestão de uma notícia menor. Do Correio da Manhã para o meu mundo: a percussionista/vocalista que acompanha Marcelo D2 discutiu com uma máquina fotográfica e decidiu injuriar o fotógrafo com uma nudez para a objectiva. Veredicto: um insulto ao diâmetro do meu estômago. E pensei…«como é que posso voltar a ver um espectáculo do Marcelo D2 sem pensar neste canto da minha sala onde instalei este PC?». Quanto às imagens, procurem...

    Mas não contente…segui para outra jornada “Sherlockquiana”. E leio algures que existe outra espécie de Youtube. De seu nome, Metacafe. Umas palavras chave…inocentes…e entre Los Hermanos, Marcelo D2, samba e vídeos, descubro isto. E aqui sim. Desapareceu aquele lado voyeur com que tinha abordado a moça do batuque. E assumi: «Isto é digno de mostrar a qualquer mortal». Por entre slogans libidinosos no meu cérebro absorvi a dança da gaiata, que conhecera num programa da minha tão cara perca, GNT. Não me lembro do nome da tipa. O que é que isso interessa? Vejam o vídeo. Mas, essencialmente, com som. E repitam. Repitam. Vão passar o dia a cantar e a imaginar coisas…

  • estranhas
  • , talvez….

    Monday, October 16, 2006

    Os Rissóis do Galiza

    Ponto. São definitivos. Não existe reticências. Os Rissóis (sim, com maiúscula) do restaurante/cervejaria Galiza, ao Campo Alegre, Porto, são o objecto gastronómico mais apetecido da história recente da humanidade. Absolutamente e sem mas. Epá, mas é que nem quero saber de conversa. De justificar o óbvio. O taxativo. O absoluto.

    Imaginem então uns Rissóis de camarão, mas com o dito (camarão) a deleitar-se na pasta hiper-cremosa que insufla o dito Rissol. Uma pasta com um trago muito presente de camarão. Não sugestiona Mar com um rissol qualquer. Aquele sabe mesmo a camarão. O crustáceo aquático entranha-se numa massa muito alaranjada, que confere ainda com mais veemência, a veracidade da sua variante «camarão» por entre outras desajeitadas iguarias.

    Os Rissóis do Galiza são fofos. Tanto ou mais como as peras faciais de uma Juliana Paes. Atraem desejos semelhantes àqueles que o sexo feminino sente por uma barba desfeita de um António Fagundes. Apetece dar mimos ao Rissol. Comer e pedir mais um. Mais dois. Mais os que forem. Os Rissóis do Galiza equivalem ao fechar de olhos quando são 03h45 da manhã e no sistema de som estala The Strokes. Divino ao degustar por entre língua, céu da boca e a sucção ofegante das papilas gustativas em transe contínuo perante magnífica obra gastronómica.

    Eu quero saber o nome da cozinheira!!! Ou do cozinheiro!!! Ou da alma abençoada pela ordem franciscana de os tornar seres maiores que os outros. Bem-ditos sejam!!! Abençoada hora em que, a caminho de Vilar de Mouros, parei pela primeira vez ali no Campo Alegre. Mesmo à saída da Ponte da Arrábida.

    Pensem na melhor comida da mamã! Mas quais croquetes da mamã. Pensem no petisco mais saboroso quando a noite já vai turva! Mas quais chamussas de Santa Apolónia às 10h00 da manhã. Quero lá saber dos bolinhos da Praça do Chile. Estou-me pouco nas tintas para as francesinhas da Invicta. Que as tripas morram (outra vez). Eu quero os Rissóis do Galiiiiiiiizaaaaaaaa!!!!

    Monday, October 09, 2006

    Acidente da Mata…

    …na Aula Magna. Péssimo. Vanessa da Mata constitui uma das artistas que, hipoteticamente, mais prometia numa segunda linha de música popular brasileira. A noite de sábado comprovou que a segunda linha rapidamente se transformará em nonagésima linha caso a artista não pare para pensar.

    Era básico. Parar para pensar no que queria. O que quer para a sua carreira? O que quer enquanto artista de MPB? O que pretende da banda que a acompanha? Em que é que a banda que a acompanha pode potencializar numa réstia de talento? O que é o Brasil cantado? O que é a merda de uma viola a ensaiar bossa-nova com um bocejo veemente a sair do palco para um público perdido entre «quero-tirar-o-pé-do-chão-e-abanar-as-mamas» e «mas-a-rapariga-até-era-jeitosinha-mas-vou-ao-bar»…

    Nada. Não foi nada. MPB atirada para um caldeirão sem sal ou uma qualquer especiaria. Pop tacanha de rimas de quarta linha do FM. Tudo agudizado pelo facto de a postura de «boneca» não sair da personagem. Boneca, mas nem tanto.

    Brincar à MPB é, de facto, muito tentador. Dará uma carreira estável. Com um ou outro single. Umas presenças em festivais. Uns discos medíocres a tentarem a sorte em palcos menores. Mas ou muito me engano mas a Vanessa voltará para tocar standards de bossa…porque de original…ou de originalidade….ou o que a semântica do substantivo pode abranger…«não se passa nada». A gaja irritou-me, o que querem?

    Thursday, October 05, 2006

    O rancho de Coimbra…

    …tem muito pouco da etnografia nacional. É fruto da convivência imediata com a consequência das externalidades que as sociedades contemporâneas vão acumulando ao longo das últimas décadas. A Aldeia Global patati patatá. Todos sabemos, aproximou as coisas. As tradições emprestam-se entre países e as sete saias de Rebordões do Souto começaram a não causar tanto impacto nas almas másculas da aldeia. Uns, poucos, começaram a olhar para «produtos lá de fora». Descobriram uma coisa chamada rock`n`roll. Diz que foi o Elvis o culpado. Sim. Sem aprofundar a questão, sim.

    Antes, ainda e pós a nossa “devota” ditadura política foi chegando a Portugal um conjunto de informações artísticas, que alteraram, aos poucos, certos e determinados padrões de comportamento. Os cabelos compridos e tal. Essas miudezas histórias.

    Ora em Coimbra, já com o Paulo de Carvalho consumado na emissora nacional, a malta mais novata deu-se muito a americanices. Fosse por via da força do blues, da soul, ou do outro r&b. Os discos da Stax e da Motown fizeram escola e tanto Memphis como Detroit transformaram-se em sonhos húmidos para muita rapaziada da “outra” Coimbra, que não a estudantil do desespero fadista.

    E a mesma matilha conimbricense organizou-se. Adaptou um estilo e transformou, em certa medida, a cidade. Elegeram heróis (Tédio Boys). Estes partiram para a conquista de outras paragens. Conseguiram mais do que dignos cosmopolitas alfacinhas ou eternos outsiders tripeiros. Mas por razões que só a sapiência divina o saberá, a banda acabou e dilui-se. Houve sucessores à altura.

    Os Bunnyranch perfilam-se nesse resultado. Assim como os D3Ö, WrayGunn e The Legendary Tiger Man, ou até mesmo as Voodoo Dolls, numa última análise. Kaló, um tipo com ar de pugilista do Sul norte-americano e um coração do tamanho da luva de boxe, comanda a coisa. Tem um Mick Jagger no baixo. Um charmoso na guitarra. E um tipo novo no teclado deliberadamente roubado à companhia Booker T. & MGs. Mas também roubam aos Stones. Aos Rolling Stones que a tia que foi ao Estádio das Antas desconhece. Aqueles Stones mais empedernidos. Mais dados ao diabo e às suas tarefas pagãs.

    «Luna Dance» é o novo álbum e foi apresentado no Clube Mercado na noite que antecedeu o feriado da implantação da República. E foi muito bem apresentado. O homem (Kaló) ainda toca de pé e com uma vivacidade contagiante (básico…). Existe força. E (pasme-se!) reinventaram-se! Não tocam a mesma música durante horas como seria de esperar. Estão à procura de outras soluções dentro do mesmo estilo. Na mesma matriz juntam agora uma atitude menos boogie e mais «n`roll». Até expandiram-se nas cores das vestimentas. Largaram o cabedal, os vermelhos e os noirs. Estão coloridos, sem prejuízo para boatos de estarem «diferentes» ou terem que dormir em casa alheia para serem o que são…

    P.S.: decidi quebrar a rotina do «texto de segunda-feira». Os Bunnyranch merecem. Morreu a rotina. Viva a rotina...

    Monday, October 02, 2006

    Sai Lula Recheada pá mesa do fundo…

    …ou não. Guardei-me para saber os resultados no Brasil. Não sou brasileiro. Não conheço as idiossincracias necessárias para desenhar qualquer tipo de imagem em relação a tamanha nação. Não domino a economia nem o suficiente para conceber que o aumento do salário mínimo e o crescimento efectivo na margem dos 2,8% seja qualquer coisa louvável. O Robin dos Bosques era em Newcastle que brilhava. Não em Brasília. A hipotética circulação de dinheiro dentro do Palácio do Planalto, criado por Óscar Niemeyer, não é filtrado pelo povo. A própria esquerda rachou-se e resultou em 6,8% para Heloísa Helena (Partido Socialismo e Liberdade). Lula, tu não estás lá. A esquerda urbana não esquece a corrupção ainda que o interior empobrecido faça de ti o «presidente doo povo». Lula, tens que ir à segunda quando podias brilhar de uma vez só.

    O Lula perdeu-se. Foi coerente a nível social até à sua ascensão definitiva. Agora está ultrapassado. Perdido entre a vontade de ter mais, como um dia gritou de um púlpito perante os sindicalistas, invertendo a lógica doutrinal da partilha socialista. Não esteve mal. Foi vanguardista. Mas na hora de traduzir a novidade em pragmatismo, esqueceu-se dos detalhes.

    Poderia ser qualquer coisa esta frente esquerdista que está a perfilar-se no Centro e Sul das Américas. Não que uma esquerda unida tenha dado os maiores frutos da história política. Mas a bem da democracia decadente, convém não ser só os islâmicos a única preocupação dos EUA. Aliás, a frente pan-americana é bem mais interessantes dos que o tresloucado debate de religiões e ofensas que se vai mantendo com o Médio Oriente.

    Discordo de Caetano. Não me considero burro, muito menos o considero ao Génio. Mas discordo porque perdeu-se numa esquizofrenia deliciosa entre a sua esquerda camuflada e o público desprendimento político que sempre fomentou. Se não é burro, já o foi. E foi acreditando num carisma. Num carácter. Numa postura. Numa história. Numa melhoria franca da condição humana e social. Segundo rezam os relatos dos entendidos, Lula conseguiu uma melhor condição humana para os brasileiros. Esqueceu-se do velho hábito político sul-americano, a corrupção. Sim, que a Europa não tem nada a ver com isso. Palavra de Major